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Comunicado da Comissão Coordenadora dos Trabalhadores (CCT)-----19.05.75
"Os trabalhadores do jornal
"República" quebraram hoje o seu silêncio. Entendem seu dever informar o povo
português sobre as razões da sua luta, por sentirem que neste país os trabalhadores
estão a ser enganados.
Por razões que nos ultrapassam, só agora é possivel trazer a público o esclarecimento
que vos devemos. É que, efectivamente, no momento em que a luta atingiu o seu auge,
forças estranhas aos trabalhadores do "República" desencadearam uma campanha
de violência que, não só dificultou as negociações em curso, mas também se prolongou
para além do encerramento do jornal.
QUAL É A LUTA DOS TRABALHADORES DO
JORNAL "REPÚBLICA"
A luta dos trabalhadores do jornal
"República" é um accumular de insatisfações que vêm desde o "25 de
Abril". Desde censura interna, "furos" ao Caderno Reivindicativo, pressões
no sentido de levar os trabalhadores a apresentar a sua demissão (só jornalistas foram
14); a descida vertiginosa da sua venda; péssima situação económica; decréscimo
substancial de cartas dos leitores; arbitrariedade na publicação de artigos; e escolha
de colaboradores eventuais; e, sobretudo a descarada e comprometedora feição
partidária.
O QUE QUEREM OS TRABALHADORES DO
JORNAL "REPÚBLICA"
Apenas e só que seja cumprido o que entre eles, a
Administração e a Direcção ficou acordado:
1º PONTO
A. _Pronunciar-se sobre todos os assuntos de interesse para a gestão de
Empresa, através de diálogos com a Direcção e Administração, diálogo através do
qual se deverão avançar sugestões nomedamente no que se refere a:
- Organização dos vários sectores da Empresa
- Independencia económica
- Independência partidária do jornal
- Análise periódica da gestão da Empresa e dos resultados obtidos.
B. _Intervenção
nos casos cuja gravidade justifique uma tomada imediata de uma decisão, seja por
afectarem directamente a feitura a feitura do jornal, seja por prejudicarem as relações
de trabalho ou por não cumprimento de regras determinadas previamente pelos
trabalhadores, sem prejuízo efectivo do jornal.
C. _A Comissão
Coordenadora dos Trabalhadores reunirá semanalmente. A mesma comissão reunirá
mensalmente com a Direcção e a Administração. Sempre que qualquer das partes
(Direcção, Administração, Comissão Coordenadora) acharem necessária pode ser feita
uma reunião extraordinária.
2º PONTO
O jornal não será partidário, no
sentido de não reflectir a predominância de um determinado partido nas suas colunas.
Todos os partidos prograssistas deverão ter idêntico tratamento, que apenas ficará
dependente da importância dos acontecimentos relacionados com os partidos.
A aplicação correcta deste princípio nascerá da análise quotidiana do jornal pela
Comissão Coordenadora de Trabalhadores e pelos próprios trabalhadores a quem caberá
portanto, decidirem sobre o apartidarismo do jornal.
Em resumo: restituir o jornal ao seu
legítimo e verdadeiro dono: o povo português.
O Caso República
1997 - Lisboa, Portugal
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Trabalho realizado por:
Pedro Miguel Guinote
Rui Miguel Faias
Mário Rui Nicolau
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