Cronologia- 22 de Maio de 75









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Durante a manhã, com início às 9.30, decorre num hotel de Lisboa a anunciada conferência de imprensa do Partido Socialista. Mário Soares enuncia as razões que assistiram a decisão de os ministros socialistas não participarem nas reuniões do Governo, a sua interpretação do "caso República" e a refutação que o PS faz das conclusões do inquérito ao 1º de Maio. Também em dois comunicados publicados durante este dia, o PS critica o Conselho da Revolução pelas interpretações da sua Comissão Política, sobre "comportamento partidário" e avança a sua versão dos acontecimentos do 1º de Maio.
A imprensa portuguesa continua a debruçar-se com grande intensidade sobre a evolução do "caso República" e as interpretações que o Partido Socialista dele extrai. Assim, a "Capital" relembra o regulamento que rege o seu Conselho de Redacção reafirmando a sua independência política.
Também o "Diário Popular" publica dois comunicados na sua edição de hoje, respectivamente subscritos pelo Conselho de Redacção e pelos Trabalhadores em que repudiam as acusações contra si lançadas pelo secretário-geral do PS.
Proclamando da mesma forma a sua independência face à questão, o "Jornal Novo" ao mesmo tempo que publica uma extensa mesa-redonda com os membros da Redacção, insere uma tomada de posição colectiva.
Por sua vez, as partes interessadas no conflito exprimem publicamente as suas posições.
Numa conferência de imprensa desta mesma tarde, os Redactores da "República" explanam uma vez mais as suas razões e confessam. "Não é segredo para ninguém que a "República" tem toda a tendência socialista, jornalistas e leitores socialistas...mas isso não é crime nenhum..." (Diário de Lisboa 23/5/75)
também alguns elementos da CCT, em reunião com os delegados de seis jornais diários de Lisboa, reafirmaram a sua posição, tentando mobilizar a solidariedade da classe.
"O Ministério do Trabalho não tem, ainda, uma posição definida sobre o problema: declara à solicitação dos jornalistas, o Dr. Barros Moura, Director-Geral da Contratação Colectiva de Trabalho. Durante esta mesma tarde, quer o Conselho da Revolução, quer o Conselho de Ministros debruçam-se sobre a questão.
Enquanto que numa das salas do Palácio Foz, o Conselho de Imprensa ouvia, numa reunião que se sabe controversa, o Director e a Administração da "República", cá fora no Rossio, restauradores e Av. da Liberdade. O Partido Socialista manifestava-se activamente encabeçando uma grande manifestação que acabaria na seded de S. Pedro de Alcântara, no Bairro Alto. Mário Soares afirma no decorrer do comício final que "se nós, pelo nosso lado, honrámos e honraremos o Pacto que solenemente firmámos perante o Presidente da República, é preciso que o MFA também honre o Pacto".
A questão da "República" tende, assim, a transformar-se num verdadeiro "processo" da imprensa portuguesa, extrapolando para a área de influências políticas um conflito que se afigura apenas existir no campo interno de uma publicação.


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Retirado de "O Caso República, documentos, entrevistas e comentários"



O Caso República
1997 - Lisboa, Portugal

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Trabalho realizado por:
Pedro Miguel Guinote
Rui Miguel Faias
Mário Rui Nicolau


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