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Caso República
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Durante a manhã, com início às 9.30, decorre num
hotel de Lisboa a anunciada conferência de imprensa do Partido Socialista. Mário Soares
enuncia as razões que assistiram a decisão de os ministros socialistas não participarem
nas reuniões do Governo, a sua interpretação do "caso República" e a
refutação que o PS faz das conclusões do inquérito ao 1º de Maio. Também em dois
comunicados publicados durante este dia, o PS critica o Conselho da Revolução pelas
interpretações da sua Comissão Política, sobre "comportamento partidário" e
avança a sua versão dos acontecimentos do 1º de Maio.
A imprensa portuguesa continua a debruçar-se com grande intensidade sobre a
evolução do "caso República" e as interpretações que o Partido Socialista
dele extrai. Assim, a "Capital" relembra o regulamento que rege o seu Conselho
de Redacção reafirmando a sua independência política.
Também o "Diário Popular" publica dois comunicados na sua edição de
hoje, respectivamente subscritos pelo Conselho de Redacção e pelos Trabalhadores em que
repudiam as acusações contra si lançadas pelo secretário-geral do PS.
Proclamando da mesma forma a sua independência face à questão, o "Jornal
Novo" ao mesmo tempo que publica uma extensa mesa-redonda com os membros da
Redacção, insere uma tomada de posição colectiva.
Por sua vez, as partes interessadas no conflito exprimem publicamente as suas
posições.
Numa conferência de imprensa desta mesma tarde, os Redactores da
"República" explanam uma vez mais as suas razões e confessam. "Não é
segredo para ninguém que a "República" tem toda a tendência socialista,
jornalistas e leitores socialistas...mas isso não é crime nenhum..." (Diário
de Lisboa 23/5/75)
também alguns elementos da CCT, em reunião com os delegados de seis jornais diários de
Lisboa, reafirmaram a sua posição, tentando mobilizar a solidariedade da classe.
"O Ministério do Trabalho não tem, ainda, uma posição definida sobre o
problema: declara à solicitação dos jornalistas, o Dr. Barros Moura, Director-Geral da
Contratação Colectiva de Trabalho. Durante esta mesma tarde, quer o Conselho da
Revolução, quer o Conselho de Ministros debruçam-se sobre a questão.
Enquanto que numa das salas do Palácio Foz, o Conselho de Imprensa ouvia, numa
reunião que se sabe controversa, o Director e a Administração da
"República", cá fora no Rossio, restauradores e Av. da Liberdade. O Partido
Socialista manifestava-se activamente encabeçando uma grande manifestação que acabaria
na seded de S. Pedro de Alcântara, no Bairro Alto. Mário Soares afirma no decorrer do
comício final que "se nós, pelo nosso lado, honrámos e honraremos o Pacto que
solenemente firmámos perante o Presidente da República, é preciso que o MFA também
honre o Pacto".
A questão da "República" tende, assim, a transformar-se num
verdadeiro "processo" da imprensa portuguesa, extrapolando para a área de
influências políticas um conflito que se afigura apenas existir no campo interno de uma
publicação.
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O Caso República
1997 - Lisboa, Portugal
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Trabalho realizado por:
Pedro Miguel Guinote
Rui Miguel Faias
Mário Rui Nicolau
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